As expressões indústrias criativas e economia criativa são relativamente novas.
O primeiro livro sobre o assunto data de 2001. Trata-se do livro The creative economy. How people make money from ideas, publicado em Londres por John
Howkins.
O início das discussões a respeito da economia criativa no Brasil foi em 2004, durante o encontro quadrienal da Unctad, em São Paulo, na sessão temática “High Level Panel on Creative Industries and Development”. Ao analisar os desdobramentos desse evento, o então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, fez uma defesa entusiasmada da diversidade brasileira como base da criatividade no país:
Estamos conscientes de que a maior garantia das vantagens mútuas que possamos ter advém da natureza da matéria-prima que está em jogo: a
criatividade das pessoas, comunidades e povos do mundo, a essência do nosso patrimônio imaterial, expressando-se a partir do precioso lastro da
nossa diversidade cultural.
Como resultado visível das ações seguintes, foi organizado em 2005, sob a liderança do Embaixador Rubens Ricupero, então Secretário-Geral da Unctad e do
Ministro Gil, o Fórum Internacional de Indústrias Criativas, em Salvador. Durante o evento o ministro confirmou a proposta de criação do Centro Internacional das
Indústrias Criativas, cuja missão seria constituir um banco de conhecimento e espaço para as atividades e programas sobre o assunto.
As indústrias criativas foram conceituadas pelo – BRITISH COUNCIL. Mapping the creative industries: the UK context. London, Oct. 2005. p.5.- como indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e que têm um potencial para geração de empregos e riquezas por meio da geração e exploração da propriedade intelectual. Isto inclui propaganda, arquitetura, o mercado de artes e antiguidades, artesanatos, design, design de moda, filme e vídeo, software de lazer interativo, música, artes cênicas, publicações, software e jogos de computador, televisão e rádio
A estes conceitos, e de um ponto de vista que interessa bem de perto à realidade do campo cultural brasileiro pode-se, certamente, acrescentar outras tantas, mas
ao menos duas merecedoras de destaque na indústria criativa: o “setor” de patrimônio cultural, ou seja, tratar, do ponto de vista do conceito de indústrias criativas, as manifestações culturais que, a exemplo das festas populares (carnaval, festas juninas, etc.) não geram, enquanto tal, propriedade intelectual, uma vez que são criação coletiva, portanto, não-autoral – ainda que configurem, em muitos casos, um setor econômico de grande relevância. (vide quadro 1).
Quadro 1.
Na década atual, a indústria criativa, está dando uma nova forma ao padrão geral de consumo cultural em todo o mundo e à maneira como os produtos e serviços criativos e culturais são criados, produzidos, reproduzidos, distribuídos e comercializados em nível nacional e internacional. Nesse ambiente mutante, uma característica proeminente do século XXI é o crescente reconhecimento de que a criatividade e o talento humano, mais do que os fatores de produção tradicionais, como o trabalho e o capital, estão se tornando rapidamente um poderoso instrumento para fomentar ganhos de desenvolvimento.
Este fato está demonstrado nos dois números estimados pelo Banco Mundial; os 7% que já representam o peso da economia criativa e das indústrias criativas na formação PIB mundial e os 10% de taxa média de crescimento prevista para o setor nos próximos 10 anos.
Isto posto, a economia criativa pode ser uma opção extremamente viável para promover o desenvolvimento humano por meio do crescimento socioeconômico, cultural e educacional.
Como exemplo podemos citar a São Paulo Fashion Week (SPFW) que gera 5 mil empregos diretos e indiretos e cerca de R$ 500 milhões de anúncios em mídia. A cadeia de criação de valores cobre desde o desenvolvimento e pesquisa de novos tecidos à desfiles, passando pelas costureiras da periferia, cursos de moda, pelo comércio de diferentes portes inclusive pelas sacoleiras que se abastecem em São Paulo para revender nas pequenas cidades brasileiras. A nível mundial o Brasil exporta 1 quilo de algodão por U$S 1,00 e quilo de moda por U$S 80,00.
Para mais artigos sobre Finanças Pessoais clique aqui. Artigo publicado no IBEF nº 168.