As primeiras manifestações sobre a responsabilidade social surgiram no início do século XX. No entanto, tais manifestações não receberam apoio, pois foram consideradas de cunho socialista. Foi somente em 1953, nos Estados Unidos, com o livro Social Responsabilities of the Businessman, de Howard Bowen, que o tema recebeu atenção e ganhou espaço. Para ele, significava “a obrigação social do homem de negócios de adotar orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que sejam compatíveis com os fins e valores da sociedade”.
Na década de 1970, surgiram associações de profissionais interessados em estudar o tema; a responsabilidade social revela-se, então, um fator decisivo para o desenvolvimento e o crescimento das empresas, nascendo, assim, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE).
De acordo com o Livro Verde da Comissão Europeia (2001), a responsabilidade social é um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo.
Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode, e/ou não deve, ser norteada apenas para o cumprimento dos interesses de seus proprietários, mas também pelos de outros detentores de interesses, como, por exemplo, os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a
sociedade em geral.
Até recentemente, no Brasil, o conceito era tratado e demonstrado quase como forma de filantropia.
O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), fundado em 1981 por Herbert de Souza, desenvolveu em parceria com empresas públicas e privadas um modelo
de balanço social que estimula as empresas a divulgarem informações de suas atividades sociais. O modelo do balanço social do Ibase apresenta seis divisões que demonstram todos os investimentos realizados pela empresa na forma numérica, sendo um relatório basicamente quantitativo. Esse modelo pode ser visto no site: Balanço Social.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou em 2002 o Global Reporting Iniciative (GRI), com uma estrutura mundialmente aceita para relatórios
de sustentabilidade. O relatório apresenta inúmeros indicadores que compõem diretrizes e são distribuídos em seis protocolos:
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Econômico
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Meio Ambiente
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Responsabilidade pelo Produto
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Práticas Trabalhistas & Trabalho Decente
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Direitos Humanos
- Conjunto de Protocolos de Indicadores: Sociedade
Veja detalhes no site: Global Reporting.
O modelo da GRI demonstra as atividades da empresa em todos os aspectos mencionados acima, ou seja, os indicadores são organizados nas dimensões econômica, ambiental e social, subdivididos em categorias e com características quantitativas e/ou qualitativas.
Ao acessar o site da Petrobrás, verifica-se que o relatório de sustentabilidade baseado no GRI menciona, além dos dados econômicos e financeiros, também dados e metas ambientais e sociais, como emissão de gases, efluentes e resíduos, recursos hídricos e energia, ações de erradicação de trabalho infantil, multas e não conformidades, etc.
Atualmente, no mundo, mais de 2.000 empresas produzem seus relatórios com base na terceira geração do modelo GRI, sendo 80 delas brasileiras.
Os princípios para a elaboração de relatórios de sustentabilidade são: materialidade, contexto da sustentabilidade, abrangência, equilíbrio, comparabilidade, precisão, periodicidade, clareza, confiabilidade e inclusão dos stakeholders.
As organizações podem utilizar as diretrizes sem formalidades, de maneira progressiva. Podem ser apreciadas em três níveis de adesão ao modelo GRI (A, A+, B ,B+, C, C+). Cada um desses níveis possui uma série de requisitos a serem atendidos.
A classificação em cada um dos níveis de aplicação é feita por auto avaliação. O sinal “+” indica que o relatório passou por um processo de verificação externa.
Portanto, esses relatórios podem ajudar gradativamente as organizações a utilizá-los como instrumento de gestão estratégica e terem as perspectivas no longo prazo divulgadas.
Finalizando, uma pesquisa da consultoria Penn Schoen Berland com 9.000 pessoas de oito países revelou que os consumidores estão mais dispostos a pagar mais por um produto ecologicamente e socialmente correto.
Para mais artigos sobre Finanças Corporativas clique aqui. Artigo publicado no IBEF nº 158.