Vou discorrer sobre algumas análises econômicas e financeiras tradicionais. O objetivo não é ensinar as análises, já que a maioria dos analistas as conhecem, mas sim propor um olhar diferente, simples e eficiente.
Indicadores financeiros são instrumentos quantitativos utilizados para avaliar a saúde financeira e o desempenho de uma empresa. Eles são fundamentais para perceber a situação econômica atual de um negócio e planejar estratégias futuras.
Esses indicadores englobam uma variedade de métricas, como liquidez, rentabilidade, endividamento e eficiência operacional. Eles fornecem insights cruciais sobre a capacidade da empresa de gerar lucro, pagar dívidas, gerenciar seus ativos e muito mais.
O grande desafio é enxergar e analisar simultaneamente o tripe que sustenta uma empresa, ou seja, a liquidez, a rentabilidade e a solvência.
Os principais indicadores são:
Liquidez corrente
Medem a capacidade da empresa de honrar seus compromissos financeiros no curto prazo, ou seja, de pagar suas dívidas com os recursos disponíveis ou realizáveis. Exemplos: liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata.
Rentabilidade
Medem a capacidade da empresa de gerar lucro e retorno sobre o investimento, ou seja, a eficiência na geração de receitas e no controle de custos e despesas. Exemplos: lucro bruto, lucro líquido, margem bruta, margem líquida, EBITDA, retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido.
Solvência (Estrutura de capital e endividamento)
Medem a forma como a empresa financia suas atividades, ou seja, a proporção entre o capital próprio e o capital de terceiros. Exemplos: grau de endividamento, composição do endividamento, índice de cobertura de juros.
Nas várias empresas que trabalhei utilizei outro método de análise que vou explicar abaixo.
A contabilidade tradicional tem um papel crucial no fornecimento das informações, o importante é utilizar a classificação tradicional e transformá-la para uma análise dinâmica.
A análise proposta é pautada nos conceitos de Capital de Giro, da Necessidade de Capital de Giro e do Saldo de Tesouraria. (Modelo Michel Fleuriet).
Este modelo ajuda a verificar como o Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro influência a Tesouraria da empresa e estima quanto uma empresa pode crescer sem comprometer o caixa.
Demonstrativos utilizados para verificar o tripé de sustentabilidade empresarial.

Figura 1
A contabilidade tradicional classifica o balanço conforme abaixo.

Figura 2
A contabilidade dinâmica classifica o balanço com mais aberturas:

Figura 3
Vejamos um exemplo simples, vamos calcular a Liquidez corrente da Empresa A e da Empresa B:

Figura 4
O resultado é um índice de Liquidez Corrente de 1,5 para ambas as empresas.
Vamos agora examinar as mesmas empresas utilizando o conceito da Figura 3.

Figura 5
Note que a Empresa A é mais saudável que a B por ter um Saldo de Tesouraria positivo.
Isto posto, vamos analisar as possibilidades de estruturas de balanços.


Figura 6
Como comentei gosto deste método pois permite ter uma visão clara e rápida da saúde da empresa.
Olhando os balanços notamos que a melhor estrutura é a Empresa Tipo 4, pois tem Saldo de Tesouraria positivo, não tem Necessidade de Capital de Giro e o Capital de Giro (Ativo não Circulante – Passivo não Circulante) é positivo. No oposto a estrutura da empresa Tipo 3 é pior, tem todos os indicadores negativos.
Temos 6 possibilidades de estruturas utilizando esta metodologia conforme figura abaixo.

Figura 7
Este quadro funciona como um “raiting” e dependendo o tipo de estrutura da empresa é fácil ver por onde começar.
Se a empresa for Tipo II para alcançar o Tipo I tem que melhorar o NCG.
Se a empresa for tipo III para alcançar o Tipo I tem que melhorar o NCG e o Saldo de Tesouraria, e assim sucessivamente.
A partir daí as análises ficam com um foco definido, CDG negativo sugere falta de lucratividade levando a análise do DRE contemplando custos, despesas, precificação e margem de contribuição.
Isto pode levar também a renegociação de dívidas buscando prazos mais longos e taxas mais competitivas e/ ou captação de novos recursos, seja por meio de investidores, ou emissão de ações.
Outra medida é a venda de ativos não operacionais para reforçar o caixa e reduzir o endividamento de curto prazo favorecendo o Saldo de Tesouraria.
Uma recomendação é de não adquirir Ativos Imobilizados com empréstimos de curto prazo, a história nos mostra que a cada 4 anos temos uma crise econômica que tornam as taxas de juros muito voláteis e o encolhimento das linhas de financiamentos e empréstimos.
No caso de NCG positivo é preciso entender bem o conceito e sua fórmula transformando os prazos médios em dias de venda conforme abaixo.
Dessa maneira é possível identificar valores em reais que faltarão ou sobrarão no período analisado. Se o resultado desse cálculo for um valor negativo, há necessidade de buscar capital de giro fora da empresa.
Vamos dividir, o conceito de NCG, por vendas na igualdade abaixo

Na sequência vamos multiplicar por 360 dias


Com isto obtemos a equação:

Vamos desenvolver um exemplo com o conceito deduzido acima através de um DRE e Balanço Patrimonial.






Com estes cálculos temos uma NCG de 48,9 dias, uma venda diária de $6,67 (2.400/360) totalizando um valor monetário de $ 326.
Uma observação importante e que a responsabilidade do NCG não é da área financeira, mas sim de todas as áreas da empresa, ou seja, o Contas a Receber é de responsabilidade da área comercial, isto é, cabe a ela melhorar os dias de vendas, bem como o Contas a Pagar é de responsabilidade da área de suprimentos e finalmente os Estoques são de responsabilidade da área de produção.
Este entendimento por todas as áreas vai refletir, com certeza, em uma melhora.
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