A política econômica brasileira está entre a cruz, baixar os juros, e a espada que é o câmbio.

No decorrer dos últimos anos a poupança doméstica, composta pelo setor privado (taxa média de 18 % do PIB) e setor público –  com taxas negativas nos últimos 10 anos em torno de 2% a.a. do PIB –  tem sido insuficiente para financiar os investimentos realizados (taxa média de 20% a.a. do PIB), esta diferença vem sendo coberta pela poupança externa.

Para atrair a poupança externa o investidor externo aplica em países que remunerem sua taxa de juros real doméstica mais um prêmio de risco de default soberano e um prêmio de risco da variação da taxa de câmbio, para países nos quais prevalece o regime de câmbio flutuante.

É preciso notar que mesmo com a entrada de poupança externa está não garante o montante suficiente para a necessidade de investimento e a variável que torna o possível equilíbrio passa ser a taxa de câmbio e não mais a taxa de juros.

As consequências de uma taxa de câmbio apreciada já a conhecemos, tem um potencial de corroer a competitividade de produtos brasileiros.

Resumindo o canal do câmbio, a meu ver, é o principal condutor para atrair a necessidade de poupança externa. Enquanto não houver um ensinamento de finanças pessoais para alterar o comportamento das pessoas em relação a consumir menos e poupar mais, este problema persistirá.

Nestes últimos três anos a taxa básica de juros nominal brasileira (SELIC) comparada com a taxa de juros nominal americana do FED vem diminuindo sua diferença e, portanto, os ganhos dos poupadores externos. (Gráfico 1)

Gráfico 1

Olhando esta diferença do ponto de vista de taxa de juros real – taxas nominais deflacionadas pelos índices de inflação – a diferença se mantém, o que significa que a SELIC está ainda dando uma vantagem para o investidor externo na cobertura da inflação.

Gráfico 2

Vamos mostrar um exemplo de um investidor americano aplicando na bolsa brasileira. (Gráfico 3)

Se ele investiu seus recursos com o Ibovespa na casa de 84.913 pontos, em janeiro de 2018, e saiu da bolsa, em julho de 2019, este cidadão ganhou no período 21,2% em Reais,  mas seu rendimento efetivo em dólares foi de 1,8% no mesmo período ( Ibovespa em US$, 26851 pontos em janeiro de 2018 vis a vis ao Ibovespa em US$ de 27.340 pontos em julho de 2019.

Gráfico 3

Recentemente o Ibovespa se chegou perto de 100.000 pontos e o dólar bateu RS$ 4,00 o que daria um Ibovespa em US$ de 25.000 pontos trazendo uma perda de 6,8% no período de janeiro de 2018 para este dia.

Caso persista a redução da taxa básica de juros no Brasil, haverá diminuição na atratividade dos títulos brasileiros forçando uma fuga para os títulos de outros países.

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